Gás Radônio é a 2ª maior causa de câncer de pulmão

A Organização Mundial da Saúde (0MS) revelou que o Radônio, um gás radioativo, incolor e inodoro, de origem natural, é a segunda maior causa de câncer de pulmão no mundo, atrás apenas do tabaco.


O Radônio está no mundo todo, e seu grau de concentração depende da presença de Urânio, Tório e Rádio no solo (dois dos elementos radioativos mais abundantes na crosta terrestre e produto do decaimento radioativo do Urânio). Quanto maior for o teor de Rádio no solo, maior o potencial de aparecimento de níveis elevados de Radônio dentro das habitações construídas acima desse solo. Consequentemente, não se deve perguntar: “Existe Radônio aqui?”, mas sim, “Quanto de Radônio tem nesse ambiente?”.


O Radônio é um gás inerte, o que significa que ele não reage ou combina com os elementos do solo. Por causa disso, o gás Radônio pode emanar do solo para a atmosfera, onde é facilmente diluído, ou se concentrar no interior de uma residência. Não há um único jeito de o seu corpo sentir a presença dele, ele é danoso à saúde e ao longo do tempo aumenta a probabilidade de se desenvolver câncer de pulmão.


Os átomos de Radônio têm uma vida relativamente curta (em média 4 dias) e se tornam átomos de chumbo após alguns dias. No entanto, enquanto é um átomo de Radônio, ele é um gás. Dessa forma, consegue penetrar pelo solo e se misturar ao ar de uma casa. A principal maneira que o Radônio usa para entrar em uma casa é por meio do alicerce (espaços entre o solo e o assoalho, porões).


Segundo Repacholi, “o Radônio expõe todos os povos a um risco sanitário que pode ser facilmente prevenido – mantendo as janelas abertas por exemplo; mas que ainda é tratado como um assunto que não chama a atenção”. O grau de exposição ao Radônio aumenta em ambientes ou edifícios fechados, o que explica que sua presença tenha sido detectada, sobretudo, em países onde o inverno é intenso e os imóveis têm sistemas efetivos de isolamento térmico.


O gás Radônio é responsável por 55% da radiação que o ser humano recebe ao longo de sua vida. A diferença fica por conta da radiação cósmica (proveniente do espaço), raios-X e radiações para fins médicos.


Este gás penetra nas casas por fissuras no concreto, buracos no chão, pequenos poros nos muros ou pelo encanamento. Esse fato deve-se à pressão de dentro das construções ser menor que a do ar e solo circundantes da casa. Existem muitas razões para que isso ocorra: uma delas é o efeito que as ventoinhas têm de circular o ar nas casas. Enquanto o ar interno é retirado, o externo entra para substituí-lo. A maioria desse ar externo vem do solo subjacente. Essa troca de ar também ocorre quando a temperatura de dentro de casa é maior que a de fora. Assim como o ar quente faz o balão subir por causa do ar frio ao seu redor, o ar quente dentro das construções sobe e é substituído pelo ar frio mais denso que vem de fora. Parte desse ar enriquecido em gás Radônio que vem de fora se misturando com o ar interno vem do solo.


Uma vez que o Radônio entra nas habitações, é facilmente disperso pelo ar, mas pode se concentrar nos cômodos da casa. O processo de decaimento radioativo não para. Isso leva o Radônio a decair em vários outros elementos radioativos chamados de produtos do decaimento do Radônio. Esses produtos são constituídos de diferentes formas de átomos de Polônio, Chumbo e Bismuto. Diferentemente do Radônio, que é um gás, os seus descendentes radioativos são sólidos. Essas partículas permanecem suspensas no ar, são extremamente pequenas a ponto de não serem vistas. Por causa do tamanho das partículas, esses produtos são facilmente inalados e podem aderir-se ao tecido do pulmão. Elas decaem relativamente rápido depois de formadas. Na verdade, se forem inaladas, elas decairão no interior dos pulmões. O gás Radônio pode também entrar nas casas através das águas de poços e cisternas, onde se encontra dissolvido. Como esta água é utilizada para banho e/ou outros fins domésticos, uma parte desse gás migra da água para o ar. Consequentemente, o gás Radônio em conjunto com os seus produtos de decaimento radioativo, representa um grande risco à saúde da população.


A presença de altos níveis de radônio não deve eliminar a possibilidade de viver em sua casa. Só um estudo adequado pode indicar a existência de níveis elevados de gás Radônio. Se ele for elevado, provavelmente as outras casas vizinhas à sua apresentarão o mesmo problema. Uma boa notícia é que ele pode ser reduzido. De todos os problemas que uma casa pode ter, o Radônio é uma das mais fáceis de identificar e controlar com uma ventilação adequada.


Os Estados Unidos já tomam medidas preventivas para conter esse gás, que pode desvalorizar um imóvel. O morador é obrigado a fazer a medição da dosagem do gás em seu terreno e depois encaminhar os dados para o órgão responsável, que fará análises e tomará as devidas providências, se necessário. Lá o indivíduo consegue comprar esse medidor no supermercado. Por aqui, não temos esse tipo de serviço, tampouco um valor de referência máxima nas residências.


O Brasil tem a quinta maior reserva natural de urânio do mundo e é responsável por grande extração de diversos minerais para a construção civil. Alguns estudos realizados em residências de algumas cidades brasileiras (Poços de Caldas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Campinas) mostraram índice de Radônio acima dos padrões internacionais estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde e USEPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) para a concentração de Radônio, que é de 4 pCi/L (picoCurie por litro de ar). Ainda de acordo com a USEPA, ambientes com mais de 8 pCi/L de Radônio devem ser evitados a todo custo, especialmente se este ambiente for sua própria casa ou escritório. A cidade de Natal e região metropolitana são bastantes ventiladas e as rochas são sedimentares e por isso os índices de Radônio não são tão elevados.


No Brasil, a regulamentação e a legislação atualmente só abrangem os trabalhadores que lidam diretamente com grandes concentrações do gás, como na mineração, por exemplo. Porém não se verifica mais informações referentes às concentrações de Radônio no interior das construções.


A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca que, em um estudo efetuado em casas no ano 2000, Suécia, Noruega, Finlândia e República Tcheca eram os países onde foi detectada a maior presença de Radônio.


No século XX foi gerada a teoria de que a radioatividade era algo perigoso. Assim, é natural que as pessoas temam a radiação. Mas a radiação sempre existiu, está presente no ambiente e vai continuar existindo por mais 4 bilhões de anos. É preciso aprender a conviver com ela de modo que não seja nociva.


O Radônio é um fator de risco sobre o qual as pessoas ainda não ouviram falar direito, mas que precisa ser divulgado. É um problema real e que não deve ser ignorado pelas autoridades.